Crato: Ecos de Modernidade – Os Alicerces de Nossas Memórias

Crato: Ecos de Modernidade – Os Alicerces de Nossas Memórias

A exposição virtual apresenta uma coleção de fotografias extraídas de negativos do acervo do Museu Casa de Telma Saraiva, capturadas por seu pai Júlio Saraiva e seu marido, Edilson Rocha, entre os anos 1940 e 1970. Este acervo documenta a arquitetura do Crato durante um período de significativa transformação, refletindo a história de uma cidade que se afirmava como um polo de influência na região do Cariri.

Considerado a “porta de entrada” da história e cultura do Cariri nesse período, o Crato passou por um processo de modernização que se expressou em sua arquitetura. As fotografias expostas revelam casas, ruas, praças e prédios que simbolizam a busca pela imponência e modernidade, destacando a adoção de estilos como o Art Déco, o Modernismo e o Eclético.

O Art Déco, visível nas fachadas e detalhes ornamentais das edificações cratenses, é caracterizado por suas formas geométricas e uso de materiais modernos, conferindo uma estética sofisticada. O Modernismo buscou romper com tradições, propondo uma linguagem arquitetônica mais funcional, enquanto o Eclético permitiu a fusão de estilos, resultando em uma rica diversidade visual.

As imagens não são apenas registros; elas testemunham a evolução urbana e a identidade cultural do Crato, refletindo as aspirações de seus habitantes e a transformação do espaço urbano. A busca pela modernidade nas construções revela o desejo da população de se afirmar como uma cidade importante, impulsionando políticas públicas e a economia local.

Esta exposição é uma celebração da arquitetura do Crato entre os anos 40 e 70, convidando os visitantes a refletir sobre a importância da arquitetura na construção da identidade cultural e histórica do Cariri. O acervo é um recurso valioso para entender como o Crato se consolidou como um centro relevante de cultura e desenvolvimento no século XX.

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Esquina das Ruas Bárbara de Alencar e Dr. João Pessoa

Foto 1 – Esta imagem, capturada na efervescente década de 1960, nos transporta à esquina das Ruas Bárbara de Alencar e Dr. João Pessoa, no coração do Crato. Nela, destaca-se a notável coexistência de duas edificações bancárias que, em seus estilos arquitetônicos distintos, narram a história de um período de profundas mudanças na cidade.

Em destaque, imponente e representativo do avanço da época, ergue-se o Banco do Brasil, com sua arquitetura de inspiração modernista, inaugurado por volta de 1962, simbolizando o progresso e a modernidade que chegavam ao Crato. Ao seu lado, contrastando com o novo, mas não menos significativo, o Banco Caixeiral exibe o charme atemporal do estilo Art Déco, tendo sido construídos sobre as ruínas do antigo Mercado das Frutas, conhecido como mercado da Arapuca,  demolido na década de 1940.

Essa justaposição arquitetônica não é apenas um detalhe estético, mas um vívido reflexo do intenso processo de transformação urbana que o Crato vivenciava. A construção desses novos edifícios não visava apenas a funcionalidade, mas também projetar uma imagem de progresso, desenvolvimento e modernização para a cidade, marcando um capítulo importante em sua evolução urbana e cultural.

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Residência da família de Telma Saraiva na Rua Tristão Gonçalves

Foto 2 – Esta fotografia, capturada na década de 1950, registra a residência da família de Telma Saraiva na Rua Tristão Gonçalves, carinhosamente conhecida como “rua da vala”, em Crato. Foi nesta casa que Telma viveu por toda a sua vida.

O projeto arquitetônico dessa edificação é uma obra de Júlio Saraiva, pai de Telma, que se destacava não apenas como fotógrafo, mas também como urbanista. A casa é um notável exemplar do estilo Art Déco, do qual Júlio Saraiva foi um dos grandes difusores em Crato, assim como do desenhista João Ranulfo Pequeno, que também assinou diversas outras construções modernas na cidade. A influência do Art Déco reflete a tendência arquitetônica da época no Brasil.

Um detalhe histórico visível na imagem é a própria vala que deu nome popular à rua, e que seria posteriormente coberta no início da década de 1960.

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Fachada da Sé Catedral de Nossa Senhora da Penha

Foto 3 – Capturada na década de 1950, a fotografia exibe a imponente fachada da Sé Catedral de Nossa Senhora da Penha, um marco arquitetônico com traços ecléticos, situada no coração de Crato, Ceará. A história da catedral remonta a origens mais humildes, quando, por volta de 1740, uma singela capela de taipa e palha foi erguida pelo frade italiano Carlos Maria de Ferrara, figura central na fundação da Missão do Miranda, o embrião da atual cidade do Crato.

Ao longo do tempo, a edificação passou por sucessivas ampliações e modernizações, que, embora aprimorando sua estrutura, resultaram na perda de elementos originais, como o cruzeiro que outrora se destacava em um plano elevado à frente da igreja. Hoje, a Sé Catedral não apenas guarda a memória e a fé dos cratenses, mas também se firma como um testemunho vivo da evolução histórica e urbanística da região.

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Prédio que abrigava o Jornal “A Ação” e a imponente estrutura do Colégio Santa Teresa de Jesus

Foto 4 – A fotografia em preto e branco nos transporta à Rua Dom Quintino, em Crato, na década de 1950, revelando a paisagem urbana da época e destacando a presença de dois importantes marcos arquitetônicos: o prédio que abrigava o Jornal “A Ação” e a imponente estrutura do Colégio Santa Teresa de Jesus, incluindo sua capela.

O edifício do Jornal “A Ação”, com sua arquitetura Art Déco, caracterizada por linhas geométricas e ornamentação marcante, sediava a publicação da Diocese local. Este periódico não só divulgava as ações da Igreja Católica, mas também servia como um guia essencial para a vida religiosa e moral de seus fiéis. O jornal teve sua primeira fase de circulação na década de 1940, foi posteriormente retomado e manteve-se ativo até a década de 1980. Atualmente, esse prédio já não existe, tendo sido substituído por um estacionamento, um testemunho das transformações urbanas da cidade.

Em contraste, o Colégio Santa Teresa de Jesus, fundado em 1923, exibia uma distinta arquitetura neoclássica. Seus elementos como colunas, frontões e a simetria de sua fachada evocavam a grandiosidade e a proporção da antiguidade clássica. O colégio desempenhou um papel fundamental na educação feminina da região, oferecendo regime de internato para jovens de outras localidades e semi-internato para as moradoras da cidade. Era particularmente reconhecido por sua excelência na formação de novos educadores, através do curso de magistério. Orgulhosamente, o Colégio Santa Teresa de Jesus mantém sua estrutura original até os dias de hoje, preservando sua história e legado educacional. Vale ressaltar que a própria Rua Dom Quintino foi batizada em homenagem a Dom Quintino Rodrigues de Oliveira e Silva, bispo fundador do Colégio Santa Teresa de Jesus, imortalizando seu legado na toponímia da cidade.

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Fachada do Crato Hotel

Foto 5 – A fotografia dos anos 50 retrata a fachada do Crato Hotel, um dos primeiros hotéis da região do Cariri. Fundado em dezembro de 1936, o Crato Hotel surgiu como uma resposta ao crescimento da cidade, impulsionado pela chegada da Estação Ferroviária uma década antes.

A visão de um produtor de algodão piauiense, Eloi Bezerra, e a habilidade do mestre de obras Pedro Jaguaribe deram vida a um dos primeiros hotéis da região. Sua fundação não apenas marcou a paisagem urbana com um edifício imponente, com arquitetura Art Déco, mas também atendeu à crescente demanda por acomodações de qualidade para os empresários, trabalhadores e viajantes que chegavam à cidade.

Localizado estrategicamente na Rua Bárbara de Alencar, o hotel logo se estabeleceu como um ponto de referência e um importante polo de hospitalidade no Crato, consolidando sua história na memória da cidade e de seus visitantes. Apesar de ter sofrido mudanças em sua estrutura, o hotel se mantém em funcionamento até os dias atuais, abrigando hoje o Hotel Vila Real.

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Crato Tênis Clube

Foto 6 – O Crato Tênis Clube, cuja imponente arquitetura neocolonial é capturada nesta fotografia tirada logo após sua inauguração nos anos 50, exibia um estilo genuinamente brasileiro, inspirado no colonial, que se destacava em contraste com a tendência Art Déco predominante na época. Fundado pelos visionários sócios do Clube da Rapadura, o clube foi estabelecido no bairro Pimenta, então conhecido como Sítio Pimenta. Embora localizado a apenas um quilômetro da Praça da Sé do Crato, a região era na época considerada “distante”. A construção do Crato Tênis Clube representou um marco significativo, catalisando um ponto de virada que impulsionou o crescimento urbano em direção a essa área, transformando notavelmente a paisagem da cidade.

Antiga Estação Ferroviária do Crato

Foto 7 – A Antiga Estação Ferroviária do Crato, com sua marcante arquitetura eclética, é majestosamente retratada em preto e branco, registro realizado em meados da década de 1950, um registro da época áurea da RVC (Rede de Viação Cearense). Inaugurada em 1926 e inicialmente projetada para se estender até o Rio São Francisco, a estação foi um centro vital de transporte e hoje, transformada no Centro Cultural do Araripe, preserva sua essência histórica enquanto pulsa com a vida cultural da região.

Fotografia aérea de Crato

Foto 8 – A fotografia aérea de Crato, capturada por Edilson Rocha em 1958, oferece um valioso registro do dinamismo urbano da cidade naquele período. Ela não só revela a vitalidade do centro histórico, ainda fortemente concentrado em torno da Praça da Sé, do Colégio Santa Teresa e da Rua da Estação – uma área que, desde o século XIX até meados do século XX, abrangeu o Rio Granjeiro e o Seminário, constituindo o inquestionável núcleo urbano predominante –, mas também sinaliza uma fase de significativa transformação.

A imagem demonstra, de forma inequívoca, o alvorecer da expansão de Crato para além de suas fronteiras tradicionais, com o início da ocupação em direção aos bairros Pimenta e Vila Alta. Esse movimento marcava o prelúdio de um processo de crescimento urbano que se intensificaria nas décadas subsequentes, redefinindo os limites e a própria fisionomia da cidade

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Colégio Diocesano do Crato

Foto 09 – Esta fotografia retrata o Colégio Diocesano do Crato na década de 1950, após a revitalização e as recentes alterações em sua estrutura. O prédio, com sua arquitetura de estilo mais modernista, está localizado na esquina das ruas Nelson Alencar e Duque de Caxias, no Crato. A imagem revela características da época, como os postes de iluminação ainda feitos de madeira, um detalhe que evoca a busca por modernidade no período. No entanto, a foto também levanta uma reflexão sobre a priorização da modernização em detrimento da preservação arquitetônica dos edifícios históricos nesse período.

Grande Hotel

Foto 10 – Em primeiro plano na fotografia, destaca-se o imponente Grande Hotel, uma das maiores edificações do Crato na década de 1950 (período do registro). Naquela decada, a Rua José de Alencar se estendia até encontrar a Rua Dr. João Pessoa, e o hotel era um marco na paisagem urbana. O edifício ficou particularmente conhecido por abrigar a famosa lanchonete Cinelândia. Posteriormente, o entorno do Grande Hotel foi transformado com a construção do conhecido calçadão, que restringiu o acesso de veículos nesse trecho próximo ao prédio. Infelizmente, o prédio original foi demolido e hoje o local abriga uma loja de departamentos.

A imagem também revela uma padronização notável nas construções da época, percebida na uniformidade da altura das portas e fachadas. Essa uniformidade era reflexo de regulamentações municipais rigorosas, onde as prefeituras fiscalizavam de perto aspectos como as cores das casas e os prazos para pintura. O não cumprimento dessas normas resultava em multas. Essa postura regulatória, aliada à habilidade da mão de obra dos pedreiros da época, que criavam adornos e detalhes como as platibandas, contribuiu significativamente para a riqueza arquitetônica que caracterizava as cidades naquele período.

Igreja São Vicente Ferrer

Foto 11 – A Igreja São Vicente Ferrer, hoje Santuário Eucarístico Diocesano, em Crato, Ceará, tem suas raízes em uma doação de terreno para uma capela em 1801, dedicada a São Vicente Ferrer. Após a demolição da capela original, uma nova igreja, iniciada no período colonial e dedicada a Nossa Senhora do Rosário, foi concluída na década de 1940 e se tornou a Capela de São Vicente Ferrer, posteriormente elevada à Matriz Paroquial. Em 2010, Dom Fernando Panico a instituiu como Santuário Eucarístico Diocesano, marcando um novo capítulo em sua história religiosa. A imagem de São Vicente Ferrer foi então reintegrada ao templo, que se localiza na Rua Senador Pompeu, no Centro. A imagem retrata a igreja na década de 70, antes do revestimento de azulejos atual, com a antiga Praça Juarez Távora, popularmente conhecida como Praça São Vicente.

Praça Juarez Távora

Foto 12 : Esta fotografia década de 1950, captura a Praça Juarez Távora, conhecida por sua localização em frente à Igreja de São Vicente Ferrer (atualmente Santuário Eucarístico Diocesano), no coração do Crato, Ceará. No centro da praça, imponente, ergue-se um grande obelisco, construído e inaugurado em 17 de outubro de 1953 para celebrar o centenário da elevação do Crato à categoria de cidade. Este monumento, além de marcar o centenário, abriga uma “cápsula do tempo” com registros históricos, idealizada por Júlio Saraiva, com abertura prevista para o bicentenário.

A praça, inaugurada em 1921 pelo Coronel Antônio Luiz Alves Pequeno, teve diversos nomes ao longo da história, começando como Praça do Rosário, passando a Praça 03 de Maio em homenagem à proclamação da independência do Crato em 1817 por José Martiniano de Alencar, um movimento precursor da Confederação do Equador, e posteriormente Praça Juarez Távora, no entanto sempre foi conhecida popularmente como Praça São Vicente. Ao fundo da imagem, ainda é possível observar o icônico edifício Pedro Felício, completando a atmosfera histórica e cultural deste importante marco cratense.

Parque Municipal do Crato

Foto 13 – Na década de 1950, o antigo Parque Municipal do Crato, que hoje corresponde à Praça Alexandre Arraes, representava um importante marco de lazer e ponto de encontro na cidade. Criado por ocasião dos festejos do centenário da elevação do Crato à categoria de cidade, ele refletia o período em que o município era conhecido como um “modelo” no Ceará. A fotografia em questão foi capturada também nessa mesma década. Este parque foi concebido para oferecer à população um espaço especial de convivência e lazer, e em seus primeiros anos, chegou a abrigar um zoológico, que posteriormente foi desativado. Além disso, o local serviu como palco para a Exposição Agropecuária do Crato, que, após um hiato causado pela Segunda Guerra Mundial, foi reativada em 1950 e teve suas edições seguintes realizadas neste espaço, antes de ser transferida para o definitivo Parque de Exposição Pedro Felício. O parque era um destino popular, atraindo famílias e jovens para momentos de lazer e descanso, consolidando-se como um vibrante centro social. Uma curiosidade é que, diferente das praças tradicionalmente projetadas com paisagismo e plantio de novas árvores, o local do Parque Municipal já era uma área de mata densa quando foi inaugurado, mantendo uma conexão orgânica com a natureza. Arquitetonicamente, a fachada do parque apresentava um estilo Art Déco, enriquecido com aspectos mais modernos, com Júlio Saraiva sendo um dos responsáveis pelo projeto. Inicialmente, o parque era um espaço mais fechado, com a estrada visível na fachada sendo o único acesso principal. Com o passar dos anos, o Parque Municipal foi remodelado e transformou-se na atual Praça Alexandre Arraes.

Praça Siqueira Campo

Foto 14 – A fotografia do final da década de 40  não apenas imortaliza a Praça Siqueira Campos, nomeada em honra ao visionário Manoel Siqueira Campos, mas também nos oferece um panorama vibrante de um Crato em transformação. Siqueira Campos, figura central como engenheiro, político e intelectual, deixou um legado que vai além das obras de infraestrutura. Ele é creditado por ter introduzido o primeiro automóvel no Crato, em 1919, um marco que simboliza o avanço tecnológico e a modernidade que ele buscava trazer para a região do Cariri.

A imagem também revela um detalhe que conecta o passado ao presente: a cena mostra o primeiro ponto de táxi da cidade, que resiste e funciona no mesmo local até os dias de hoje.

Além dos automóveis, a natureza também tem seu destaque na foto. As árvores que adornam a praça não são meros elementos paisagísticos; elas representam o cuidado com o urbanismo e o desejo de criar espaços agradáveis e sombreados para a população,na época. O contraste entre a robustez das palmeiras e a topiaria dos arbustos confere uma estética particular ao ambiente.

Ao fundo, a arquitetura ganha vida com a presença do icônico Cassino do Crato. Este edifício, com sua arquitetura eclética, era mais do que um local de lazer; ele representava um centro social e cultural importante para a elite cratense da época. Sua fachada e estrutura expressam um estilo que marcou a arquitetura do período, contribuindo para a identidade visual da praça e da cidade.

feira de amostra – praça foi cercada … 

Praça Francisco Sá

Foto 16 – A imagem captada por Edilson Rocha na década de 60 retrata a icônica Praça Francisco Sá, popularmente conhecida como Praça Cristo Rei, em Crato, Ceará. Em destaque no primeiro plano, observa-se uma das fontes da praça, adornada com azulejos, um detalhe que remete à época de sua construção.

Esta praça, a segunda maior do Crato, com mais de 5.300 metros quadrados, é um marco histórico. Construída em 1938 pelo prefeito Alexandre Arraes, leva o nome de Francisco Sá, ex-ministro dos transportes e figura central na chegada da ferrovia à cidade, estando localizada em frente à antiga estação da RFFSA.

O grande destaque da praça é o Monumento Cristo Rei. Inaugurado em 25 de dezembro de 1938, a imponente escultura de Cristo, esculpida pelo artista italiano Agostinho Balmes Odísio, e que está sobre uma Coluna da Hora de 30 metros de altura, foi oficialmente instituída por decreto como um dos principais ícones do município. A estátua do Cristo com braços abertos dá as boas-vindas aos que chegam na cidade. Em sua base, uma mensagem inspiradora acolhe a todos: “Nesta terra há lugar para todas as pessoas de boa vontade.”

Praça Francisco Sá, popularmente conhecida como Praça Cristo Rei

Foto 17- O Registro da Praça Francisco Sá, popularmente conhecida como Praça Cristo Rei, no Crato, Ceará, em um momento que remonta à sua inauguração e revela o apogeu de um paisagismo elaborado. A imagem, capturada pelo olhar artístico de Júlio Saraiva, transborda a sensibilidade da família Saraiva em registrar a beleza da cidade.

No centro da cena, destaca-se uma fonte com um estilo que evoca o romantismo, mas que se enriquece com elementos em Art Déco, marcando o período de sua construção e inauguração. A elegância da fonte, em harmonia com o entorno verde e as palmeiras que emolduram o cenário, cria uma atmosfera de serenidade e grandiosidade. Ao fundo, a presença de pessoas usufruindo do espaço público acentua a vitalidade da praça como ponto de encontro e lazer para a comunidade cratense da época.

A importância da Praça Cristo Rei na vida da cidade era ainda mais acentuada pela sua localização estratégica. Nas proximidades, existia a linha ferroviária, um importante marco de progresso e conexão da região. Além disso, a presença da rodoviária e do hotel da cidade na mesma área reforçava o papel da praça como um verdadeiro epicentro de movimento, chegadas e partidas, e um ponto de referência essencial para moradores e visitantes.

Primeiro edifício de apartamentos residenciais de Crato

Foto 18 – A fotografia da década de 1950 revela o primeiro edifício de apartamentos residenciais de Crato, construído em 1947. Este imponente prédio, que também abrigava pontos comerciais, está estrategicamente localizado na esquina da Rua Almirante Alexandrino com a Ratisbona, próximo à Rffsa.

Praça Siqueira Campos e a Rua Miguel Lima Verde

Foto 19-  A imagem que se descortina diante de nós é um valioso registro histórico do Crato, Ceará, provavelmente capturado entre o final da década de 1950 e o início dos anos 1960. Ela nos transporta a um passado onde a Praça Siqueira Campos e a Rua Miguel Lima Verde exibiam contornos distintos dos que conhecemos hoje.

No primeiro plano, destaca-se um imponente prédio comercial, que abrigava a “Sorveteria Brasil”. A estrutura, que já havia passado por transformações. podemos perceber as  platibandas meticulosamente trabalhadas com ornamentos, um detalhe arquitetônico que confere charme e elegância às edificações das casas da rua, contrastando com a simplicidade de construções mais recentes ou a ausência de tais adornos em outras épocas.

Ao adentrarmos o olhar pela fotografia, percebe-se que a Rua Miguel Lima Verde, atualmente uma importante artéria da cidade, era bem mais estreita naquela época, revelando as mudanças urbanísticas e o desenvolvimento que o Crato experimentou ao longo das décadas. A rua, que se estende ao longo da imagem, com suas casas e estabelecimentos comerciais, evoca um ritmo de vida mais tranquilo e uma paisagem urbana com características que se perderam no tempo. 

Rua Senador Pompeu

Foto 20 – Esta fotografia, da década de 1950, nos transporta para a Rua Senador Pompeu, uma das vias mais antigas e emblemáticas do Crato, Ceará. Sua história remonta aos tempos em que a cidade ainda era a Vila Real, e por suas calçadas e comércios se desenrolava o cotidiano efervescente da época.

Nessa mesma rua, outrora, abrigava-se o primitivo salão do “Clube da Rapadura”, um ponto de encontro social que, com o passar do tempo, evoluiria para o renomado Crato Tênis Clube. Impulsionados pelo efervescente cenário social e arquitetônico da capital, Fortaleza, os sócios do clube decidiram inovar, buscando um arquiteto da capital para projetar a nova e imponente sede do clube.

A imagem, não apenas documenta a paisagem urbana daquela época, com seus carros e transeuntes, mas também documenta em forma de registro visual as transformações sociais e culturais que moldaram a identidade do Crato ao longo do século XX.